Há
tempos o glúten, uma proteína presente no trigo, aveia, centeio e cevada, tem
sido tratado como um vilão na alimentação. Atualmente muita coisa do que
comemos, principalmente se for industrializado, tem glúten na sua composição. O
que é preciso saber é que essa proteína só faz mal a quem tem algum tipo de intolerância
ou alergia ao glúten, ou ainda doença celíaca, caso contrario não há razões ou
motivos para suprimi-la da nossa dieta.
Por
questões muito mais mercadológicas do que científicas, penso eu, muitos têm
restringido o glúten da alimentação sem que apresentem a sua intolerância ou
alergia. A discussão foi tanta sobre o assunto que o Conselho Regional de Nutricionistas da 3ª região (SP e MS) realizou um debate entre profissionais e concluiu que o
glúten não deve ser extinto da dieta de pessoas que não apresentem alguma intolerância
ou alergia à proteína.
Mas
esse final de semana eu me deparei com a intolerância ao glúten “ao vivo e em
cores”. Encontrei um primo que a sua médica desconfia que ele tenha o problema
e restringiu a proteína de sua dieta. E tomando café da manhã com a família
começamos a falar sobre receitas de pão sem glúten. Nesse dia eles tinham feito
um pão sem glúten com farinha de milho e arroz, mas o resultado foi desastroso
(desculpem-me, primos!). Eles usaram a máquina de pão, uma panificadora doméstica.
Chegando
em casa me coloquei a pensar e pesquisar como fazer um pão sem farinha de trigo
ou aveia. Olhei em vários sites na internet e no final das contas fiz uma
adaptação da receita que veio no livrinho junto com a minha máquina de pão.
Como era a primeira vez que eu fazia um pão sem glúten eu preferi não arriscar
muito. O resultado foi um pão bonito e gostoso, mas com sabor e textura diferentes
dos pães convencionais (o que já era de se esperar).
Para
piorar a situação do meu primo ele também tem intolerância à lactose, portanto
não pode consumir leite ou produtos que tenham o laticínio. E como esse pão foi
feito pensando nele e em todos que têm as intolerâncias ou alergias também
tirei o leite da receita.
Foto: Arquivo pessoal.
Ingredientes
do pão do Zequinha:
240
mL de água morna
1
ovo
2
colheres de sopa de óleo ou margarina
1colher
de chá de sal
2
colheres de sopa de mel
1
colher de chá de vinagre
1
copo (240mL) de creme de arroz
¾
do copo (80mL) de amido de milho (maizena®)
1
copo (240mL) de polvilho doce
½
copo (120mL) de fécula de batata
½
copo (120mL) de farinha de soja
2
colheres de chá de fermento biológico seco
2
colheres de sopa de semente de linhaça (depois que a massa tiver cara de
“massa”)
Como
preparei na máquina de pão:
Coloquei
na forma da panificadora os ingredientes na ordem descrita acima e a liguei no
ciclo rápido (aproximadamente 2h20min). Com 5 minutos de funcionamento achei
que a massa ainda estava bem seca e parecia uma farofa, então fui acrescentando
água aos pouquinhos, em colheradas. Devo ter acrescentado uns 50mL a mais do
que o descrito na receita. E como é uma massa diferente eu tive que ajudar a
máquina empurrando a massa contra a “hélice” com uma espátula de plástico por
uns 10 minutos. Quando a massa estava toda uniforme e com cara de massa (e não
farofa) eu acrescentei a semente de linhaça. Depois da linhaça bem incorporada
na massa eu deixei a máquina trabalhar sozinha até o final.
Considerações:
Para
comprar os ingredientes eu fui a uma grande rede de supermercados, mas não tive
muitas opções das farinhas, todas eram refinadas, o mais puro do amido. Fiquei
pensando que o teor de fibras ficaria muito baixo e foi por isso que resolvi
colocar a semente de linhaça. O resultado foi bom, mas a linhaça é opcional.
Outra dica é procurar por essas farinhas em suas versões integrais, em casas
especializadas se deve encontrar.
Li
na internet que o vinagre se faz necessário para ajustar o pH da massa e
melhorar a sua estabilidade.
Pensei
em tirar o ovo para ficar um pão zero colesterol, mas acho que nesse caso não
daria certo. A gema contém lecitina o que ajuda a emulsionar os ingredientes da
receita. De qualquer forma usei um só, e vi várias receitas com 2 ou 3 ovos.
Usar
a água no lugar do leite foi pensando na intolerância à lactose do meu primo,
mas o laticínio pode ser usado perfeitamente. E vale lembrar que usando o leite
o valor calórico aumenta e o colesterol também. Outra sugestão é usar o “leite”
de soja.
Se
você não tiver a máquina de pão em casa experimente fazer na mão mesmo, com a
força dos braços. Junte os ingredientes como descrito acima até que a massa
esteja uniforme. Acrescente a linhaça e sove bem. Deixe descansar por uns 50
minutos já na forma que levará ao forno, até que dobre de tamanho. Asse em
forno médio-baixo (180°C) por uns 45 minutos ou até que fique dourado.
Bom
apetite sem glúten e sem lactose!
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